São consideradas religiões
afro-brasileiras, todas as religiões que foram trazidas para o Brasil pelos
negros africanos, na condição de escravos. Ou religiões que absorveram ou
adotaram costumes e rituais africanos.
Em vários estados brasileiros estas religiões
adotaram práticas e denominações diferentes, como: Babaçuê: Maranhão e Pará; Batuque:
Rio Grande do Sul; Cabula: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa
Catarina; Culto aos Egungun: Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo; Culto de Ifá:
Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo; Encantaria: Maranhão, Piauí, Pará e Amazonas;
Omoloko: Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo; Pajelança: Piauí, Maranhão,
Pará e Amazonas; Tambor-de-Mina: Maranhão e Pará; Terecô: Maranhão; Xambá:
Alagoas e Pernambuco; Xangô do Nordeste: Pernambuco. Porém o Candomblé, a Umbanda
e a Quimbanda, são praticados em todos os estados do Brasil
Como vemos, as religiões
afro-brasileiras possuem vários termos que são usados para designar iniciação. Cada
uma das religiões tem seus termos próprios, iniciação, feitura, feitura de
santo, raspar santo, são mais usados nos terreiros. No Culto de Ifá e no Culto
aos Egungun usam o termo iniciação porém os preceitos são diferentes das outras
religiões
Na realidade, os cultos
afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos africanas. Por isso, cada
uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus cultos,
estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e
expressar as suas concepções através dos símbolos. Na tentativa de catequizar
os negros, os europeus promoveram uma grande mistura que resultou nas hoje
chamadas de religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé, fruto da
inter-relação de culturas.
Antes da abolição da
escravatura em 1888, os negros escravizados fugidos das fazendas, reuniam-se em
lugares afastados nas florestas em agrupamentos ou comunidades chamadas
quilombos, depois da libertação, os africanos libertos reuniam-se em
comunidades nas cidades que passaram a chamar de candomblé. Candomblé é o nome
genérico que se dá para todas as casas de candomblé independente da nação. A
palavra candomblé a princípio era usado para designar qualquer festa dos
africanos, teria sua origem nas línguas bantu da palavra Candombe que no
Uruguai é um ritmo musical afro-uruguaio que deve existir também em outros
países que receberam escravos africanos.
As principais religiões afro-brasileiras, o candomblé e a umbanda tem
forte penetração no país, especialmente em São Paulo, no Rio de Janeiro, no Rio
Grande do Sul e na Bahia. Em 1991, existiam quase 650 mil adeptos, de acordo
com o censo do IBGE. Estudiosos dessas religiões estimam que quase um terço da
população brasileira frequenta um centro. Esse número inclui tanto os frequentadores
assíduos quanto os esporádicos, que muitas vezes estão ligados também a outras
religiões.
Candomblé - Religião
afro-brasileira que cultua os orixás, deuses das nações africanas de língua
ioruba dotados de sentimentos humanos como ciúme e vaidade. O candomblé chegou
ao Brasil entre os séculos XVI e XIX com o tráfico de escravos negros da África
Ocidental. Sofreu grande repressão dos colonizadores portugueses, que o
consideravam feitiçaria. Para resistir, o negro buscou, através de formas
simbólicas, alternativas que camuflassem seus deuses a fim de preservá-los da
imposição da igreja católica. Assim, o sincretismo foi uma forma de defesa do
negro e não a incorporação da religião negra à religião predominante. Os
adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos, por exemplo,
Iemanjá é associada a Nossa Senhora da Conceição; Iansã, a Santa Bárbara, etc.
As
cerimônias ocorrem em templos chamados territórios. Sua preparação é fechada e
envolve muitas vezes o sacrifício de pequenos animais. São celebrados em língua
africana e marcadas por cantos e o ritmo dos atabaques (tambores), que variam
segundo o orixá homenageado. No Brasil, a religião cultua apenas 16 dos mais de
300 orixás existentes na África Ocidental.
Alguns povos bantos eram
adeptos do candomblé e foram seus introdutores no país. Atualmente, existem
poucas casas de candomblé puro no Brasil, concentradas principalmente na Bahia.
Por outro lado, o candomblé de caboclo e a cabula, outra variante do candomblé,
tornaram-se as raízes remotas da umbanda, o mais difundido culto
afro-brasileiro, no Rio de Janeiro.
No candomblé o período de
iniciação é de no mínimo sete anos, se inserem os rituais de passagem, que
indicam os vários procedimentos dentro de um período de reclusão que geralmente
é de 21 dias (podendo chegar a 30 dias dependendo da região), o aprendizado de
rezas, cantigas, línguas sagradas, uso das folhas (folhas sagradas), catulagem,
raspagem, pintura, imposição do adoxú e apresentação pública, é individual e
faz parte dos preceitos de cada pessoa que entra para a religião dos orixás.
A princípio, nessas
cerimônias, tem que haver o desprendimento total, na iniciação deve-se morrer
para renascer com outro nome para uma nova vida, no candomblé Ketu o Orunkó do
Orixá (só dito em público no dia do nome), no Candomblé bantu além do nome do
Nkisi (jamais revelado), tem a dijína pelo qual será chamado o iniciado pelo
resto da vida.
Quando uma pessoa iniciada
morre é feito o desligamento do Egum, Nvumbe na cerimônia fúnebre e no Axexê,
conhecido pelos nomes de sirrum e zerim, que varia dependendo do grau
iniciático do morto. Dependendo da nação ou linha de candomblé, os candomblés
tradicionais não fazem a princípio contato com espíritos através da
incorporação para consultas, é possível mas não é aceito.
Já o candomblé de caboclo tem
uma ligação muito forte com caboclos e exus que incorporam para dar consultas,
os caboclos são diferentes da Umbanda. E existem os candomblés cujos pais de
santo eram da Umbanda e passaram para o candomblé que cultuam paralelamente os
Orixás e os guias de Umbanda.
No Candomblé, todo e qualquer
espírito deve ser afastado principalmente na hora da iniciação, para não correr
o risco de um deles incorporar na pessoa e se passar por orixá, o Iyawo
recolhido é monitorado dia e noite, recorrendo-se ao Ifá ou jogo de búzios para
detectar a sua presença. A cerimónia só ocorre quando este confirma a ausência
de Eguns no ambiente de recolhimento.
Afastam todo e qualquer espírito
(egun), ou almas penadas, forças negativas, influências negativas trazidas por
pessoas de fora da comunidade. Acredita-se que pessoas trazem consigo boas e
más influências, bons e maus acompanhantes (espíritos), através do jogo de Ifá
poderá se determinar se essas influências são de nascimento Odu, de destino ou
adquiridas de alguma forma.
Os espíritos são cultuados, nas casas de
Candomblé, em uma casa em separado, sendo homenageados diariamente uma vez que,
como Exu, são considerados protetores da comunidade.
Umbanda - Religião brasileira nascida no Rio de Janeiro, nos anos
20, da mistura de crenças e rituais africanos e europeus. As raízes umbandistas
encontram-se em duas religiões trazidas da África pelos escravos: a cabula, dos
bantos, e o candomblé, na nação nagô. A umbanda considera o universo povoado de
entidades espirituais, os guias, que entram em contato com os homens por
intermédio de um iniciado (o médium), que os incorpora. Tais guias se
apresentam por meio de figuras como o caboclo, o preto-velho e a pomba-gira. Os
elementos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a identificação de
orixás com santos. Outra influência é o espiritismo kardecista, que acredita na
possibilidade de contato entre vivos e mortos e na evolução espiritual após
sucessivas vidas na Terra. Incorpora ainda ritos indígenas e práticas mágicas europeias.
Na Umbanda e Quimbanda não
incluem os ritos de passagem, nem feitura de santo propriamente dita, uma vez
que não incorporam Orixás incorporam os Flandeiros de Orixás, usa-se o termo
fazer a cabeça onde pode existir a catulagem e pintura, porém a cabeça não é
raspada completamente, e não tem imposição do adoxú. A reclusão nesses casos é
de três a sete dias, é feita a instrução esotérica, aprendizado das rezas e
pontos riscados e cantados, e é feita a apresentação pública.
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De todas as religiões afro-brasileiras, a mais próxima da Doutrina
Espírita é um segmento (linha) da Umbanda denominado de "Umbanda
branca", e que não tem nenhuma ligação com o Candomblé, o Xambá, o Xangô
do Recife ou o Batuque. Embora popularmente se acredite que estas últimas sejam
um tipo de "espiritismo", na realidade trata-se de religiões
iniciáticas animistas, que não partilham nenhum dos ensinamentos relacionados
com a Doutrina Espírita. Entretanto, outros segmentos da Umbanda podem ter
algumas semelhanças com a Doutrina Espírita, mas também com o Candomblé por
causa da figura dos Orixás.
No tocante especificamente ao
Candomblé, crê-se na sobrevivência da alma após a morte física (os Eguns), e na
existência de espíritos ancestrais que, caso divinizados (os Orixás, cultuados
coletivamente), não materializam; caso não divinizados (os Egungun),
materializam em vestes próprias para estarem em contato com os seus
descendentes (os vivos), cantando, falando, dando conselhos e auxiliando
espiritualmente a sua comunidade. Observa-se que o conceito de
"materialização" no Candomblé, é diferente do de
"incorporação" na Umbanda ou na Doutrina Espírita.
Em princípio os Orixás só se
apresentam nas festas e obrigações para dançar e serem homenageados. Não dão
consulta ao público assistente, mas podem eventualmente falar com membros da
família ou da casa para deixar algum recado para o filho. O normal é os Orixás
se expressarem através do jogo de Ifá, (oráculo) e merindilogun. Existem Orixás
que já viveram na terra, como Xangô, Oyá, Ogun, Oxossi, viveram e morreram, os
que fizeram parte da criação do mundo esses só vieram para criar o mundo e
retiraram-se para o Orun, o caso de Obatalá, e outros chamados Orixá funfun
(branco).
Existem as árvores sagradas
que são as mesmas das religiões tradicionais africanas onde Orixás são
cultuados pela comunidade como é o caso de Iroko, Apaoká, Akoko, e também os
orixás individuais de cada pessoa que é uma parte do Orixá em si e são a
ligação da pessoa, iniciada com o Orixá divinizado. Ou seja uma pessoa que é de
Xangô, seu orixá individual é uma parte daquele Xangô divinizado com todas as
características, ou como chamam arquétipo.
Há muita discussão sobre o
assunto: uns dizem que o Orixá pessoal é uma manifestação de dentro para fora,
do Eu de cada um ligado ao orixá divinizado, outros dizem ser uma incorporação
mas é rejeitada por muitos membros do candomblé, justificam que nem o culto aos
Egungun é de incorporação e sim de materialização. Espíritos (Eguns) são
despachados (afastados) antes de toda cerimônia ou iniciação do candomblé.
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