INFERNO
Inferno é um termo
usado por diferentes religiões, mitologias e filosofias, representando a morada
dos mortos, ou lugar de grande sofrimento e de condenação. A origem do termo é
latina: infernum, que significa "as profundezas" ou o "mundo inferior".
A palavra inferno,
que hoje conhecemos, origina-se da palavra latina pré-cristã inferus
"lugares baixos", infernus. Na Bíblia latina, a palavra é usada para
representar o termo hebraico Seol e os termos gregos Hades e Geena, sem
distinção. A maioria das versões em idioma Português seguem o latim, e eles não
fazem distinção do original hebraico ou grego.
Das palavras Hades
e Sheol, ambas com mesmo significado, tendo conotação clara de um lugar para
onde os mortos vão. Em versículos bíblicos onde se menciona tais palavras, é
possível perceber que se trata de um só lugar. Com o passar do tempo, muitas
religiões interpretaram o inferno, como o destino de apenas alguns; pessoas que
não assumiram uma conduta louvável no ponto de vista religioso, e que por isso,
foram condenadas ao sofrimento jamais visto pelo mundo material. Alguns
teólogos observaram, contraditoriamente, que o inferno não poderia ser um lugar
desagradável, afirmando que um personagem bíblico que estava em sofrimento no
mundo real, almejou “esconder-se no inferno”, para aliviar sua dor. Porém, o
próprio Jesus fez uma narrativa de uma situação de uma pessoa que se encontrava
no inferno, essa pessoa implorava a Abraão que mandasse um conhecido que não
estava no inferno lhe refrescasse a língua com pelo menos a ponta do dedo
molhado em água, pois em chamas era atormentado (Ver Lucas, capítulo 16,
versículos de 19 ao 31).
Obviamente tal
relato não foi em sentido literal, pois uma gota de água não alivia dor de quem
está em chamas ou num calor intenso, mas queria dizer que pelo enorme
sofrimento precisaria aliviar-se de qualquer jeito. A crença na existência de
um lugar de tormento para o significado das palavras Hades e Sheol, foi muitas
vezes confundida com a palavra “Geena”, traduzida para “lago de fogo”, uma
forma simbólica para destruição eterna.
Alguns teólogos
concluem que todos que morrem vão para o inferno (Hades e Sheol), lugar onde
até o próprio Jesus foi, a sepultura, sua câmara mortuária. Como a própria
Bíblia menciona, ele não foi esquecido no Inferno, foi ressuscitado ao terceiro
dia conforme relatam os evangelhos. Porém deve-se salientar que outros teólogos
veem que essa ida de Cristo ao lugar de tormento foi para tomar o lugar de cada
ser humano que estava destinado à morte eterna pelo pecado original de Adão, e
sendo Jesus tido como o consumador da fé serviu de cordeiro expiatório apesar
de não ter visto corrupção.
O significado
atribuído à palavra "inferno" atualmente é o representado em A Divina
Comédia de Dante[ , e no Paraíso Perdido, de Milton, significado este
completamente alheio à definição original da palavra. A ideia dum inferno de
tormento ardente, porém, remonta a uma época muito anterior a Dante ou a
Milton.
A fusão entre
paixão, desejo, pecado e condenação envolvida na imagem do Inferno permitiram
ao imaginário contemporâneo imaginar antes lugar de prazer e de servidão ao
prazer do que propriamente de sofrimento ou purificação. O fenômeno é bem
observado na cultura cristã que, no seguimento dos esforços aplicados às ideias
de purificação do monoteísmo, condenou as divindades mais materiais da
fertilidade, das paixões e da energia sexual, o que literalmente as transformou
em demônios. Assim, os arquétipos da paixão e do prazer ficaram associados ao
do inferno, com a consequente mudança de sentido e de atração sobre a
imaginação.
Outras correntes de
pensamento actuais, curiosamente também com base na cultura católica-cristã,
demonstram a sua opinião de inferno não como um local físico, mas antes como um
estado de espírito, indo ao encontro da ideia preconizada por diversas
correntes filosófico-religiosas partidárias da reencarnação.
Na mitologia grega,
as profundezas correspondiam ao reino de Hades, para onde iam os mortos. Daí
ser comum encontrar-se a referência de que Hades era deus dos Infernos. O uso
do plural, infernos indica mais o caráter de submundo e mundo das profundezas
do que o caráter de lugar de condenação, em geral dado pelo singular, inferno.
Distinguindo o lugar dos mortos - o Hades - a mitologia grega também concebeu
um lugar de condenação ou de prisão, o Tártaro.
“Os hindus e os budistas consideram o inferno
como lugar de purificação espiritual e de restauração final. A tradição
islâmica o considera como um lugar de castigo eterno.” O conceito de sofrimento
após a morte é encontrado entre os ensinos religiosos pagãos dos povos antigos
da Babilônia e do Egito. As crenças dos babilônios e dos assírios retratavam o
“mundo inferior . . . como lugar cheio de horrores, . . . presidido por deuses
e demônios de grande força e ferocidade”. Embora os antigos textos religiosos
egípcios não ensinem que a queima de qualquer vítima individual prosseguiria
eternamente, eles deveras retratam o “Outro Mundo” como tendo “covas de fogo”
para “os condenados”.
No judaísmo, o termo Gehinom (ou Gehena)
designa a situação de purificação necessária à alma para que possa entrar no
Paraíso - denominado por Gan Eden. Nesse sentido, o inferno na religião e
mitologia judaica não é eterno, mas uma condição finita, após a qual a alma está
purificada. Outro termo designativo do mundo dos mortos é Sheol, que apresenta
essa característica de desolação, silêncio e purificação.
A palavra vem de
Ceeol, que mais tarde dá origem ao termo sheol, não confundindo com
"Geena" que era o nome dado a uma ravina profunda ao sul de
Jerusalém, onde sacrifícios humanos eram realizados na época de doutrinas
anteriores. Mais tarde, tornou-se uma espécie de lixão da cidade de Jerusalém,
frequentemente em chamas devido ao material orgânico. O uso do termo Sheol indica
lugar de inconsciência e inexistência, conforme o contexto nos mostra e não um
lugar de punição.
No Cristianismo existem diversas
concepções a respeito do inferno, correspondentes às diferentes correntes
cristãs. A ideia de que o inferno é um lugar de condenação eterna, tal como se
apresenta hoje para diversas correntes cristãs, nem sempre foi e ainda não é
consenso entre os cristãos. Nos primeiros séculos do cristianismo, houve quem
defendesse que a permanência da alma no inferno era temporária, uma vez que
inferno significa "sepultura", de onde, segundo os Evangelhos, a
pessoa pode sair quando da ressurreição. Essa ideia é defendida hoje por várias
correntes cristãs.
Para as Testemunhas
de Jeová, o inferno de fogo como lugar literal de tortura das pessoas iníquas é
rejeitado. Citam na Bíblia, os termos normalmente traduzidos por
"inferno", Hades (Bíblia) [ou haídes, termo grego] e Seol [ou
she'óhl, termo hebraico], significando "sepultura" ou "lugar dos
mortos". Também no caso de Geena [ou géenna, termo grego] com a ideia de
destruição e aniquilação eterna.(Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas).
Citam Atos 2:27, que conta que Jesus desceu ao Inferno (Hades ou Seol) e foi
ressuscitado. As Testemunhas de Jeová acreditam que após a ressurreição dos
mortos, os pecados anteriores não lhes serão imputados [«Pois aquele que morreu
foi absolvido do [seu] pecado» (Romanos 6:7), mas poderão recomeçar a vida
escolhendo voluntariamente servir a Deus e alcançar assim a salvação.
O inferno, segundo
a visão do Espiritismo, é um estado
de consciência da pessoa que incorre em ações contrárias às estabelecidas pelas
Leis morais, as quais estão esculpidas na consciência de cada pessoa.
Uma vez tendo a
criatura a sua consciência “ferida”, passa a viver em desajuste mais ou menos
significativo de acordo com o grau de gravidade de suas ações infelizes, e se
estampam através de desequilíbrios Espiritual, emocional, psicológico ou até
mesmo orgânico. Esta situação lhe causa terríveis dissabores.
Uma vez morta, se a
criatura não evitou ações infelizes, buscando vivência saudável de acordo com
as leis divinas, ela segue para o Plano Espiritual ou incorpóreo. Lá, junta-se
a outros espíritos, que trazem conturbações conscienciais semelhantes. Afins,
atraem afins.
Os Planos
Espirituais de sofrimentos são inumeráveis e, guardam níveis de sofrimentos
diferenciados, cujos níveis são estabelecidos pelos tipos de degradação da
consciência, resultantes das ações perpetradas por cada criatura.
Portanto o Inferno
na visão espírita, como região criada por Deus para sofrimento eterno da
criatura e geograficamente constituído, não existe. Se um dia todas estas
criaturas sofredoras na erraticidade regenerarem-se, estas regiões deixarão de
existir. É como se todos os pacientes de um manicômio terrestre fossem curados;
o hospital poderia ser demolido e ceder o seu espaço a um jardim, etc.
Deus não imputa pena
eterna a nenhum de seus filhos. Podem Sofrer, enquanto não despertarem para o
Bem e se propuserem a trilhar o reto caminho. Um dia mais cedo ou mais tarde
Ele, O Criador, na Sua Misericórdia e Amor, concederá à criatura sofredora
retorno à carne para continuar o seu aprendizado e aperfeiçoamento.
Estes conceitos são
encontrados em O Livro dos Espíritos, editado em Abril de 1857 na sua quarta
parte e, no livro O Céu E O Inferno editado em 1865. Ambas obras tendo como
codificador (organizador), Allan Kardec.
No islamismo, o inferno é eterno,
consistindo em sete portões pelos quais entram as várias categorias de
condenados, sejam eles muçulmanos injustos ou não-muçulmanos. Como na crença
judaica, para o islamismo o inferno também é um lugar de purificação das almas,
onde aqueles que, se ao menos um dia de suas vidas acreditaram que Deus (Allah)
é único, não gerou e nem foi gerado, terão suas almas levadas ao Paraíso um
dia. Não raro, é comum a crença de que no islã o castigo é eterno, por ter
bases fundamentalistas de alguns praticantes, pelo fato de o Alcorão mencionar
diversas vezes a palavra castigo e sofrimento no fogo do inferno. Porém é fato
que o mesmo texto deixa claro que existem condições para se pagar os pecados e
sofrer as consequências, como também existem meios de se alcançar o perdão para
o não banimento ao inferno por meio de aplicações de condutas que condizem com
os bons costumes e a maneira de enxergar Deus, a vida e a forma de como deverá
cada ser conduzi-la, a ponto de pagarem seus pecados post mortem, ou alcançarem
a graça do perdão divino.
De certo modo, todo
o samsara é um lugar de sofrimento para o budismo, visto que em qualquer reino
do samsara existe sofrimento. Entretanto, em alguns reinos, o sofrimento é
maior correspondendo à noção de inferno como lugar ou situação de maior
sofrimento e menor oportunidade de alcançar a liberação do samsara. Por esse
motivo, muitas vezes expressam-se esses mundos de sofrimento maior como
infernos. Nenhum renascimento em um inferno é eterno, embora o tempo da mente
nessas situações possa ser contado em eras.
Contam-se dezoito
formas de infernos, sendo oito quentes, oito frios e mais dois infernos que
são, na verdade, duas subcategorias de infernos: os da vizinhança dos infernos
quentes e o infernos efêmeros. Além desses dezoito que constituem o "Reino
dos Infernos", pelo sofrimento, o "Reino dos Fantasmas Famintos"
é comparável à noção de inferno, sendo constituído de estados de consciência de
forte privação - como fome ou sede - sem que haja possibilidade de saciar essa
privação.
No budismo, o renascimento em um inferno é
uma consequência das virtudes e não-virtudes praticadas, de acordo com a
verdade relativa do karma. Entretanto, alguns poucos atos podem, por si,
conduzir a um renascimento nos infernos, principalmente o ato de matar um Buda
e o ato de matar o próprio pai ou a própria mãe. A meditação sobre os infernos
deve gerar compaixão.
O Inferno, recebe várias versões nas mais variadas
mitologias:
Di Yu, o
inferno da mitologia chinesa;
Hades, o inferno
da mitologia greco-romana;
Helgardh, o
inferno da mitologia nórdica;
Mundo dos mortos, o inferno da mitologia egípcia;
Mag Mell, o
inferno da Mitologia irlandesa;
Ne no Kuni e Yomi no Kuni, os infernos da
mitologia japonesa;
Jahannam,
inferno na escatologia islâmica.
O QUE É O INFERNO? É UM LUGAR DE TORMENTO ETERNO?
A
resposta da Bíblia
Algumas traduções da Bíblia usam a palavra
“inferno” para verter a palavra hebraica “Seol” e a palavra grega “Hades”; as
duas se referem à sepultura comum da humanidade. (Salmo 16:10; Atos 2:27) Muitas pessoas acreditam num
inferno de fogo, como ilustrado na figura que acompanha este artigo. Mas a
Bíblia ensina outra coisa.
1. Os
que estão no inferno não têm consciência de nada, por isso não sentem
dor. “Não há trabalho, nem planejamento, nem conhecimento, nem sabedoria no
Seol.” — Eclesiastes 9:10.
2. Pessoas
boas vão para o inferno. Homens fiéis como Jacó e Jó sabiam que um dia iriam
para lá. — Gênesis 37:35; Jó 14:13.
3.
A punição pelo pecado é a morte, e não o tormento
num inferno de fogo. “Aquele que morreu foi absolvido do seu pecado.”
— Romanos 6:7.
4. O
tormento eterno violaria a justiça de Deus. (Deuteronômio 32:4) Quando
o primeiro homem, Adão, pecou, Deus disse a ele que sua punição seria
simplesmente deixar de existir: “Porque tu és pó e ao pó voltarás.” (Gênesis 3:19) Deus estaria mentindo se na
verdade fosse mandar Adão para um inferno de fogo.
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