sábado, 8 de junho de 2019

O ADOLESCENTE E O MEIO



Os adolescentes apresentam alterações profundas nas suas relações sociais.  É um tempo de afastamento e, por vezes de ruptura com a unidade familiar. Enquanto as relações com os pares vão se tornando cada vez mais importantes durante a última fase da infância, na adolescência os pares tornam-se as pessoas mais importantes para a vida individual. Esta viragem da orientação para os pares poderá ser apercebida na crescente conformidade às ideias e concepções do grupo de pares que surge no início da puberdade (dos 11 aos 13 anos), enfraquecendo a partir dos 15 anos. 
        Ao mesmo tempo em que as amizades e as relações românticas se tornam mais intensas, diminui o interesse do adolescente pelas atividades familiares, poderá começar a rejeitar alguns valores familiares, e revoltar-se contra a autoridade paterna. Embora muitos adolescentes não sofram um período turbulento de rebelião, quase todos se distanciam de algum modo dos seus pais durante este período.
           Se pensarmos a adolescência como um fase de transição entre a infância e o mundo adulto, o distanciamento e mesmo certa dose de rebeldia podem ser considerados como positivos para o desenvolvimento da vida adulta independente. No entanto, estas mudanças nem sempre são encaradas positivamente pelos pais e pelos adolescentes envolvidos. À medida que a influência dos pares ganha ascendência sobre a dos pais, os adolescentes adotam os valores, atitudes estilos de roupa e linguagem dos seus pares. Por vezes a influência dos pares ergue-se em oposição direta à dos pais, resultando em conflitos dolorosos, quando os pais tentam fazer prevalecer a sua autoridade.
           Surpreendentemente, no entanto, muitos adolescentes mantêm-se notavelmente próximos dos seus pais em termos de valores e atitudes. Os preconceitos, atitudes e crenças dos adolescentes tendem a ser semelhantes aos dos seus pais. Existem, contudo algumas diferenças. Os adolescentes encaram geralmente a religião como menos importante, são mais receptivos ao sexo e vida em comum fora do casamento, e são a favor de uma visão menos tradicional do papel das mulheres.

CONFLITOS DO ADOLESCENTE
Conflitos surgem quando há a necessidade de escolha entre situações que podem ser consideradas incompatíveis, contrárias entre si. Todas as transformações que nós já vimos na conversa anterior causam conflitos, mas eles são sem dúvida nenhuma, acentuados pela ação da mídia e das amizades. E a mídia funciona assim: quanto mais tempo estamos expostos a ela, mais ela “faz a nossa cabeça”. Destas ações internas e externas ao adolescente surgem basicamente 4 tipos de conflitos: Existencial, Emocional, Comportamental e Espiritual.
CONFLITO EXISTENCIAL – lembra da pergunta: Para que eu existo? Vivo para que?
A atração pelo mundo tem dado aos adolescentes novas razões para existirem, razões que procuram torná-los individualmente o ser mais importante da face da Terra. Vejam como a ação da mídia tem alimentado a razão deles existirem: o Materialismo ensina-os que ter é melhor do que ser, ou seja, a atração pelo desejo de ter, de satisfazer e do poder. Uma vida voltada para o consumismo e o bem material. / O Relativismo atual, ensinando que não existe uma verdade absoluta, tudo depende do ponto de vista…o que é certo? O que é errado? Qual o padrão? / OHumanismo divinizando o homem, o homem sendo auto-suficiente, o adolescente sendo auto suficiente, para que precisará de Deus?

CONFLITO EMOCIONAL – vivo de que tipo de emoção?
Infantilização – tendência atual é manter os adolescentes infantilizados, só estimulando-os para o prazer, viver para o prazer, para se sentir bem. Afastando-os de frustrações e do desprazer, que maturidade emocional podem alcançar? / O superficialismo nos relacionamentos, nas amizades. A falta de sensibilidade com o outro, o que importa é seu sentimento. Amizades virtuais, ficar, etc. / O imediatismo apressando tudo o tempo todo. Não se pode esperar, tem que ser para agora. Tenho que me satisfazer agora, quero hoje… veja que impressionante um exemplo deixado na Bíblia em 2 Sm 13.1-15.

CONFLITO COMPORTAMENTAL – penso de um jeito, mas ajo de outro. As contradições entre o que eu creio e o que eu pratico.
Dicotomia que mostra o divórcio entre fé e prática. Quando se professa uma coisa e se faz outra o que acontece é viver de aparência, uma encenação, uma maquiagem. / O individualismo mostra que pensar que fé é uma coisa e o que se faz ou deixa de fazer é outra é fruto de se contextualizar e acabar se mundanizando. / O Antinomismo é viver sem lei. Num mundo em que os valores estão tão invertidos por que com eles não aconteceria o mesmo?

CONFLITO ESPIRITUAL – ter uma religião ou ser regenerado?
Tudo aqui depende de uma boa evangelização, mas se as boas novas da salvação forem ditas pela metade, dizendo só o que agrade ao adolescente, isentando-o de reconhecer seus pecados e se arrepender, teremos uma pseudo evangelização – algo para ajeitar a vida dele, para massagear e não transformar seu ser. Se temos uma pseudo evangelização, tudo o mais será neste estilo, ou seja, teremos uma pseudo conversão (nova religião e não novo nascimento), em seguida um pseudo crescimento espiritual que resultará numa espiritualidade falsa, onde se troca o vivencial pelo virtual.

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