itos de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter caráter social, comunitário ou religioso.
Ritos de passagem são aqueles que marcam
momentos importantes na vida das pessoas. Os mais comuns são os ligados a
nascimentos, mortes, casamentos e formaturas. Em nossa sociedade, os ritos
ligados a nascimentos, mortes e casamentos são praticamente monopolizados pelas
religiões. Já as formaturas não costumam ser, em si, religiosas, mas
frequentemente têm importantes momentos religiosos
Em todas as
sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram
marcados por cerimônias especiais,
conhecidas como ritos de iniciação ou de passagem. Essas cerimônias, mais do que representarem uma
transição particular para o indivíduo, representava igualmente a sua
progressiva aceitação e participação na sociedade na qual estava inserido, tendo, portanto tanto o cunho individual
quanto o coletivo.
Geralmente,
a primeira dessas cerimônias era praticada dentro do próprio ambiente familiar,
logo em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recém-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido
como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente escolhido, era então pronunciado para
ele pela primeira vez, de forma solene. Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimônia.
Para as
mulheres, isso se dava geralmente no momento da primeira menstruação, marcando o fato que, entrando no seu período fértil, estava apta a preparar-se para o casamento.
Para os
rapazes, essa cerimônia geralmente se
dava no momento em que ele fazia a caça e o abate do primeiro animal. Ligadas, portanto, ao derramamento de sangue, essas cerimônias significavam a integração daquela pessoa como membro
produtivo da tribo: ao derramar
sangue para a preservação da comunidade (pela procriação ou pela alimentação), ela estava simbolicamente misturando o seu próprio sangue ao sangue
do seu clã.
Variadas
cerimônias marcavam, ainda, a idade
adulta. Entre os nativos norte-americanos, algumas tribos praticavam um rito onde a pele do peito dos jovens
guerreiros era trespassada por espetos e repuxada por cordas. A dor e o sangue
derramado eram, dessa forma, considerados como uma retribuição à Terra das dádivas que a tribo recebera até ali. Outras cerimônias
seguiam-se, ao longo da vida. O casamento era uma delas, e os ritos fúnebres eram considerados como a última transição, aquela que propiciava a
entrada no reino dos mortos e garantia o retorno futuro ao mundo dos vivos.
Todas
essas cerimônias, no entanto,
marcavam pontos de desprendimento. Velhas atitudes eram abandonadas e novas
deviam ser aceitas. A convivência com algumas pessoas devia ser deixada para
trás e novas pessoas passavam a constituir o grupo de relacionamento direto.
Muitas vezes, a cada uma dessas cerimônias, a pessoa trocava de nome, representando que aquela identidade que assumira até então, não mais existia - ela era uma nova
pessoa.
Nos tempos
atuais e nas sociedades modernas, muitos desses ritos subsistiram embora muitos
deles esvaziados do seu conteúdo simbólico. Batismo e festas de aniversário de 15 anos, por exemplo, são resquícios desse tipo de cerimônia,
que hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcação do início de uma nova fase na vida do indivíduo.
No entanto, a troca do símbolo pela ostentação pura e simples, acaba criando a desestruturação do
padrão social.
Tomando
o batizado cristão como exemplo, poder-se-ia perguntar quantas pessoas que batizam os
seus filhos são, realmente, cristãs. Quantas pretendem realmente cumprir a promessa solene, feita em frente
ao seu sacerdote, de manter a
criança na fé dos seus antepassados? Obviamente, nas sociedades primitivas, tais promessas eram obrigações
indiscutíveis e sagradas. Rompê-las era
colocar em risco a própria sobrevivência da tribo como unidade coerente, o que
não era, ao menos, cogitado.
A Iniciação dos
Xamãs e Heróis
Ao lado dos ritos que abordamos, de certa forma institucionalizada e
regulada pela família e pela sociedade, havia outros ritos específicos,
que poderiam configurar uma categoria distinta de passagem ou iniciação. Embora pudessem acontecer depois de alguma preparação, era comum que
esses ritos ocorressem espontaneamente, a partir de uma casualidade que era
então tida como propiciada pelos deuses. Estes eram os ritos de iniciação
dos xamãs ou dos heróis. Muitas pessoas, após passarem incólumes por algum tipo de experiência traumática, que poderia ter provocado a sua morte, eram consideradas como pertencendo a uma classe especial.
Estados semicomatosos induzidos por doenças, picada de animais peçonhentos, etc, eram normalmente considerados como
modificadores da pessoa, que retornaria desses estados possuindo uma nova e
mais clara visão do mundo.
Essas pessoas, geralmente, eram alçadas à condição de xamãs pela tribo.
Por um outro lado, o contrário também poderia acontecer: dentro do
processo normal de treinamento de um xamã, chegavam a um ponto em que determinadas provas deveriam ser
enfrentadas, para que o treinando comprovasse a sua capacidade de enfrentar
seus medos e seus próprios limites físicos e mentais.
Isolamento, frio, fome, às vezes extremos, eram utilizados nesse sentido. A ideia aqui,
portanto, não era a de rito de passagem simplesmente como
transição de um período para outro da vida, mas também como de um estado de consciência para outro. Ou seja: essa forma de rito não depreendia uma idade
ou ocasião específica, e nem ao menos uma cerimônia específica. Poderia
acontecer a qualquer momento da vida, por acaso ou por escolha própria, e tinha
um cunho de transformação
de personalidade mais
profundo, geralmente associado a uma missão a cumprir, após a iniciação. O caráter de morte e renascimento nesses ritos era
profundamente marcado.
Vê-se tal caráter em diversas lendas de heróis
mitológicos, como, por
exemplo, no mito egípcio de Osíris, que possui todas
as características associadas ao processo das iniciações míticas.
Osíris era uma divindade civilizadora - a ele era atribuída a invenção da escrita e o desenvolvimento da agricultura. No mito, seu corpo é despedaçado e espalhado por todo
o Egito; em seguida sua esposa Ísis empreende
uma longa busca pelos seus pedaços, e reúne-os para que ele gere com ela seu filho Hórus, que irá
prosseguir seu trabalho civilizador. Há de se notar que Ísis, além de esposa,
era irmã de Osíris, ou seja: a ideia é que os dois, na verdade, eram duas
faces distintas de uma mesma pessoa.
Osíris representa o aspecto de nossos conhecimentos prévios que hão de ser desfeitos, ao passo que Ísis representa
a parte de nós que realiza a busca e a reconstrução. Note-se, também, que Osíris (o conhecimento), após ser reconstruído,
não permanece existindo, mas apenas cumpre a função de gerar em Ísis um novo
ser, filho da fusão entre as duas
partes.
A mensagem, portanto, é: aquele que busca o conhecimento deverá morrer (perder a individualidade, desfazer-se), recolher suas partes através de um árduo e longo
trabalho e, por fim, transformar-se em um novo ser, com uma missão a cumprir.
Religiões
afro-brasileiras.
ritos de passagem são inseridos
em algumas das religiões afro-brasileiras, estando mais presentes no Culto de
Ifá, Candomblé e Culto aos
Egungun que, seguindo as tradiçõesafricanas, fazem o ritual do nascimento, ritual do nome quando uma criança é apresentada ao Orun e ao Tempo, ritual de iniciação ou feitura de
santo, algumas fazem o ritual do casamento, o ritual fúnebre e o ritual
do Axexê quando
a pessoa iniciada morre.
A Umbanda e Quimbanda não incluem os ritos de passagem, nem feitura de santo
propriamente dita, uma vez que não incorporam Orixás, usa-se o termo fazer a
cabeça onde pode existir a catulagem e pintura,
porém a cabeça não é raspada completamente, e não tem imposição do adoxú. A
reclusão nesses casos é de 3 a 7 dias, feita a instrução
esotérica, aprendizado das rezas e pontos riscados e
cantados, e é feita a apresentação pública.
Religião Celta.
Um escritor muito conhecido dentre os Celtas irlandeses chamado Stewart
Farrar escreveu (a quatro mãos com sua esposa Janet)
em seu livro, Oito Sabás para Bruxas ("Eight sabbats for witches, and
rites for birth, marriage, and death", London : R. Hale, 1981) que
aprofunda um pouco mais sobre o assunto, a iniciação na crença ou a apresentação,
como alguns preferem.
Quando uma criança nasce ela é apresentada aos Deuses por seus próprios
pais, que pedem aos Deuses proteção divina, confirmando assim o amor e carinho
que sentem pela criança. Ao longo do tempo que a criança for crescendo, ela
será livre para escolher seu próprio caminho, mas seus pais, claro, mostram as
coisas maravilhosas que o mundo traz à criança.
Temos os "patrocinadores", que são os adultos próximos à
família que auxiliarão na criação desta criança. Lembrando também, é claro, que
em um Coven é
considerado um dever de todos a educar toda criança que está próxima dentro dos
princípios da religião, respeitando o livre arbítrio da criança. Nem sempre os
patrocinadores são Celtas, isso cabe aos pais da criança decidir o que será
melhor para ela.
A cerimonia muitas vezes pode ser realizada com todos os presentes
desnudos, mas essa é uma escolha dos pais das crianças, o que não muda mesmo é
o fato de a Grã-Sacerdotisa e o Grã-Sacerdote representarem a Lua e o Sol
respectivamente.
Um amplo circulo é feito com flores e folhas verdes e um caldeirão de
ferro é posto ao centro deste circulo preenchido com as mesmas flores e folhas
selecionadas para fecharem o Grande Circulo. Trata-se de uma grande festa e portanto haverá muita comida e bebida
para todos participantes do Rito e cada participante oferece presentes à
criança. Os pais escolhem um nome secreto ao qual será entregue a criança este
nome será como a família chamará a criança e caso esta decida trilhar um outro
caminho, este nome poderá ser esquecido até que a criança queira usá-lo novamente.
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