segunda-feira, 1 de julho de 2019

TRADIÇÃO INDÍGENA


         Você sabe por que você toma banho todos ou várias vezes por dia? Sabe também porque utilizamos chás para o bem estar do corpo ou para curar algum tipo de doença?  Pois bem, esses costumes chegaram até nós através dos índios.
         Esse povo, como nós já sabemos, foi um dos primeiros a habitarem o Brasil. Antes da chegada dos portugueses, eles já conviviam nesta terra em plena harmonia com a natureza e com o passar dos anos passaram e perpetuaram algumas de suas tradições para nós. Por isso, hoje, nós vamos homenagear e conhecer um pouco mais sobre a cultura indígena e seus costumes.
         Antes de mergulhar na cultura desde povo, você precisa entender que cada tribo indígena possui hábitos próprios, porém a maioria delas praticam algumas tradições comuns.
         A divisão de trabalho, por exemplo, segue basicamente critérios de idade, sexo e acumulo de conhecimento. Os homens são responsáveis pela caça de animais selvagens, pela proteção da aldeia e pela produção de ferramentas. As mulheres devem cuidar dos filhos, das plantações, produzir objetos de cerâmicas e redes. O cacique é chefe político e administrativo da aldeia. Já o pajé atua como uma espécie de médico e curandeiro, além de, é claro, repassar aos mais novos as tradições por meio da oralidade.
         Muitas tribos indígenas modificaram o modo vida depois do contato que tiveram com o ‘homem branco’. Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas. Gostou? Confira abaixo uma pequena lista de mais costumes dos índios herdados pelos brasileiros.

Costumes e tradições 
·         Tomar banho várias vezes por dia em rios, lagos e riachos;
·         Se alimentar de alimentos retirados da natureza (peixes, carnes de animais, frutos, legumes);
·         Realizar cerimônias e rituais com muita dança e música;
·         Treinar as crianças desde pequenas para as atividades que deverão desempenhar na vida adulta;
·         Realizar rituais de passagem entre a fase de criança e a adulta;
Fazer objetos de arte (potes e vasos de cerâmica, máscaras, colares) com materiais da natureza.

A RELIGIOSIDADE INDÍGENA
         Para os povos indígenas a noção de sagrado percorre cada palavra ou gesto, cada detalhe e manifestação da vida natural, humana e social.
         A religiosidade indígena está intimamente ligada à própria cultura e, como tal, cada povo indígena tem sua forma particular de reverenciar o transcendente.
         Dentro da imensa variedade de crenças, mitos e ritos, nós temos um elemento em comum: a crença num Deus Supremo, absoluto, mesma que, entre os povos indígenas, este Deus tenha diversas concepções e denominações. É importante também salientar logo que a nossa divindade não se identifica e nem lhe atribuímos os mesmos poderes e qualidade do Deus da concepção judaico-cristã do Ocidente.
        Nós também temos uma verdadeira teologia indígena que, naturalmente, não está sistematizada, mas que está presente na vida e no cotidiano de nossas comunidades indígenas. Essa teologia não está escrita. Nós não temos um livro sagrado. Não temos uma "revelação", um "iluminado", um "profeta". O nosso templo é o mundo em que vivemos. A nossa cultura e a nossa religiosidade são transmitidas de geração em geração pelos mais velhos, pelos quais temos um  grande respeito e admiração.
Faz parte da tradição indígena o ensino, que traz uma rica bagagem religiosa. É difícil separar o que é cultura e o que é religião indígena.

Quem é Deus para o indígena?
        Para a comunidade indígena, Deus é um grande mistério. Deus é o grande desconhecido. Por exemplo: o povo Terrena chama-o de "ITUKOÓVITI", que significa: "quem criou todas as coisas". "o grande criador".
        Na crença indígena, Deus está em tudo: na árvore, na pedra, no raio, no trovão. Nós acreditamos que toda a natureza e seus fenômenos estão povoados por espíritos.
        As pessoas sempre nos perguntam se é verdade que adoramos a Lua, o Sol, ou os animais. Daí formou-se e difundiu-se a ideia de que o índio adora o Sol porque não conhece Deus. Isto não está certo, pois, para nós, Deus está além do sol, no entanto, a grande manifestação dele dá-se no Sol. Se adoramos o Sol, é no sentido de que Deus é tão grande que o sol pode ser um reflexo dele.

A vida do indígena está impregnada de religiosidade
        Nós temos também um calendário próprio em que comemoramos, por exemplo, a festa do milho e os rituais de iniciação das diversas fases que passamos - da infância para a adolescência, desta para a fase adulta e depois da adulta à fase da ancianidade.
        O milho é sagrado para alguns povos. Povos como o GUARANI, em suas cerimônias religiosas, utilizam o milho chamado "Avaty". Nele inspira-se o calendário religioso, sendo que são feitas diversas cerimônias na época de plantar e de colher  o milho.
       A Terra, para os índios, é espaço de vida, lugar para viver e viver bem. Os índios não veem a terra como algo a ser explorado e possuído, mas sim como um espaço a ser respeitado para viver. Por isso costumamos chamá-la de "Mãe Terra".

NOSSA "MÃE TERRA”.
A nossa relação com a terra passa pela questão religiosa. Não é possível, para nós Índios,  pensar na terra apenas como um lugar para se viver, se não tivermos com ela uma ligação profunda. Isso vem a atender aos nossos anseios religiosos. Os sábios e pajés, orientando os seus povos, têm uma grande preocupação em trabalhar essa dimensão religiosa.
        Quando o índio sai para caçar, o Pajé diz que ele irá encontrar muitos animais pelo caminho, mas que não é necessário matá-los todos. Mata-se somente a quantidade de que necessitaremos para nos alimentarmos, pois, amanhã, ao voltarmos para a mata, encontraremos ainda muitos outros animais. Se matarmos todos os animais, não sobrará mais nenhum para nos alimentar. O mesmo acontece com a pesca.
Entendemos que essa é uma ordem estritamente religiosa. É Deus quem nos ensina: se matarem todos os peixes do rio não os tereis mais depois. Dessa forma, nós mantemos o equilíbrio da natureza e, assim , conseguimos sempre ter muitos peixes e muita caça. Deus é quem ordena que tratemos bem a natureza.

O papel do pajé *ou xamã*
        Nas comunidades indígenas, o pajé ou xamã é quem faz a ligação entre os seres sobrenaturais e as pessoas. Ele é o guia da comunidade, é responsável pelos enfermos, pela organização dos rituais e preparação para a guerra. Acidentes e doenças podem ser atribuídos à magia negativa de feiticeiros, ou ocasionados pela ação de espíritos malévolos. Neste caso, o xamã pode diagnosticar e ver o agente causador do mal.
A vida e a morte
       Para os indígenas existe uma relação próxima entre a vida e a morte: viver bem ajuda a morrer bem. Para eles é de grande importância se sentir livre diante de Deus, livre para ir aonde quiser e na hora em que quiser. Assim, sentindo-se livre, vivem bem e morrem em paz.
        Para os povos indígenas não há extremos. Não existe um "deus" pronto a castigar, nem um "diabo" pronto a pegar as pessoas. Para nós, Deus é um ser naturalmente bondoso, que cuida e gosta de todos.
       Deus, como ser supremo, soberano, está sempre em paz. Assim, devemos ser. Se Deus está em paz, eu também vivo e morro em paz, em equilíbrio.
        A grande maioria dos povos indígenas acredita na vida após a morte, seja pela transformação da alma em outro ser, seja pelo renascimento em outro membro da tribo. Ou ainda,  que as almas não vão para o  "céu", mas que elas ficam na terra, nos lugares onde os corpos foram enterrados.
Xamã- pessoas consagradas aos ritos de comunicação com o transcendente, nas tradições religiosas orais.
Pajé- chefe espiritual dos indígenas.                         
                                                     
                                       ORAÇÃO
                                   Ó Grande Espírito,
                        Cujo sopro infunde vida no mundo
                         E cuja voz se ouve na brisa suave:
                  Precisamos de tua beleza e de tua sabedoria.
                Leva-nos a andar nos caminhos da beleza.
                    Dá-nos olhos capazes de contemplar
                          O pôr-do-sol vermelho, púrpura.
                  Dá-nos sabedoria para que possamos entender
                                  O que tu ensinas
         Ajuda-nos para estar na tua presença com  mãos limpas
              E olhos atentos, para que, quando a vida adormecer,
    Como o poente, nosso espírito se aproxime de ti sem temos.


ATIVIDADE

1-Quem é Deus para o indígena?
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2- Como Deus se manifesta?
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3-O que é sagrado para os indígenas?
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4-Que valores da religiosidade indígena você  destaca?
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5-O que nos ensina a relação que o indígena estabelece com a natureza?
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6-Qual o papel do Pajé ou xamã na comunidade indígena?
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7-Qual a concepção de vida após a morte para os indígenas?
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8-O que há de diferente entre a cultura religiosa indígena e a cultura cristã, a qual
foram enculturados?
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