A diversidade refere-se à
abundância de coisas diferentes, à variedade e à diferença. A linguística, por
sua vez, é aquilo que pertence ou que está relacionado com a linguagem (o
sistema de comunicação que nos permite abstrair e comunicar conceitos) ou com a
língua (o sistema de comunicação verbal próprio dos seres humanos).
A diversidade
linguística, neste caso, está relacionada com a existência e a convivência de
línguas diferentes. O conceito defende o respeito por todas as línguas e
promove a preservação daquelas que se encontram em vias de extinção por falta
de falantes.
Uma língua desaparece
quando morre o último integrante do grupo social que a fala. Nestes casos,
falha a transmissão de geração para geração através da qual os pais ensinam a
língua materna aos seus filhos. O desaparecimento da língua implica uma perda
importantíssima e irrecuperável de conhecimentos: por isso, a diversidade
linguística é igualmente relevante.
Estima-se que existem
mais de 6000 idiomas no mundo. A Oceania é o continente com maior diversidade
linguística pelo facto de haver numerosos grupos aborígenes que defendem a sua
língua nativa. Noutras regiões do mundo, em contrapartida, uma língua dominante
impôs-se sobre as restantes.
É o caso, por exemplo,
dos Estados Unidos da América, onde o inglês levou à extinção das línguas da
maioria dos habitantes nativos.
As culturas encontram na
língua o seu principal veículo de expressão; quando uma língua deixa de
existir, a cultura em questão corre o risco de ter o mesmo destino.
ATIVIDADES
"Todas as variedades linguísticas são
estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às necessidades
de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura
social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta
das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e
estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas
variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo,
como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo
decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna
uma ponderável força contrária à variação."
Celso Cunha. Nova gramática do português
contemporâneo. Adaptado.
01. A partir da leitura do texto, podemos
inferir que uma língua é:
a) conjunto de variedades linguísticas,
dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada
exemplar.
b) sistema que não admite nenhum tipo de
variação linguística, sob pena de empobrecimento do léxico.
c) a modalidade oral alcança maior prestígio
social, pois é o resultado das adaptações linguísticas produzidas pelos
falantes.
d) A língua padrão deve ser preservada na
modalidade oral e escrita, pois toda modificação é prejudicial a um sistema
linguístico.
02.
Até quando?
Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra
fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer.
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só
porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que
sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo
(mas não seja sempre o mesmo).
As escolhas linguísticas feitas pelo autor
conferem ao texto
a) caráter atual, pelo uso de linguagem
própria da internet.
b) cunho apelativo, pela predominância de
imagens metafóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de
gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem
coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.
03. Texto I
Antigamente
Antigamente, os pirralhos dobravam a língua
diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços
de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar
os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de
debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia
ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua, nem escapulia
do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica. O
verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo
d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os
bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que
carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho
diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes
que se pusesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco.
Texto II
Expressão Significado
Cair nos braços de Morfeu Dormir
Debicar Zombar, ridicularizar.
Tunda Surra
Mangar Escarnecer,
caçoar.
Tugir Murmurar
Liró Bem-vestido
Copo d'água Lanche oferecido
pelos amigos
Convescote Piquenique
Treteiro de topete Tratante atrevido
Abrir o arco Fugir
Bilontra Velhaco
Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego
de palavras obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos não mais o são no
português brasileiro atual. Esse fenômeno revela que
a) a língua portuguesa de antigamente carecia
de termos para se referir a fatos e coisas do cotidiano.
b) o português brasileiro se constitui
evitando a ampliação do léxico proveniente do português europeu.
c) a heterogeneidade do português leva a uma
estabilidade do seu léxico no eixo temporal.
d) o português brasileiro apoia-se no léxico
inglês para ser reconhecido como língua independente.
e) o léxico do português representa uma
realidade linguística variável e diversificada.
04. Contudo, a divergência está no fato de
existirem pessoas que possuem um grau de escolaridade mais elevado e com um
poder aquisitivo maior que consideram um determinado modo de falar como o
“correto”, não levando em consideração essas variações que ocorrem na língua.
Porém, o senso linguístico diz que não há variação superior à outra, e isso
acontece pelo “fato de no Brasil o português ser a língua da imensa maioria da
população não implica automaticamente que esse português seja um bloco compacto
coeso e homogêneo”. (BAGNO, 1999, p. 18)
Sobre o fragmento do texto de Marcos Bagno,
podemos inferir, exceto:
a) A língua deve ser preservada e utilizada
como um instrumento de opressão. Quem estudou mais define os padrões
linguísticos, analisando assim o que é correto e o que deve ser evitado na
língua.
b) As variações linguísticas são próprias da
língua e estão alicerçadas nas diversas intenções comunicacionais.
c) A variedade linguística é um importante
elemento de inclusão, além de instrumento de afirmação da identidade de alguns
grupos sociais.
d) O aprendizado da língua portuguesa não
deve estar restrito ao ensino das regras.
e) Segundo Bagno, não podemos afirmar que
exista um tipo de variante que possa ser considerada superior à outra, já que
todas possuem funções dentro de um determinado grupo social.
Respostas
Resposta Questão 1
Alternativa “a”. Embora as variedades
linguísticas sejam consideradas importantes do ponto de vista comunicacional, a
língua padrão ainda alcança maior prestígio social.
Resposta Questão 2
Alternativa “d”. A linguagem coloquial
adotada por Gabriel, O Pensador, confere à letra da música grande
espontaneidade, marca do discurso utilizado no gênero textual rap.
Resposta Questão 3
Alternativa “e”. O texto de Carlos Drummond
de Andrade apresenta exemplos de palavras ou expressões que caíram em desuso, o
que comprova o dinamismo da língua e as variações sofridas ao longo do tempo.
Resposta Questão 4
Alternativa “a”. É fundamental que as
variações linguísticas sejam respeitadas e compreendidas, já que dizem respeito
a um organismo vivo, que é a língua. Esta, por sua vez, jamais deve ser
utilizada como instrumento de opressão, pois cada variante exerce uma função
dentro de um grupo social. Respeitar as variações linguísticas é um dos
princípios da cidadania.
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