Há milhões de anos, durante uma
era glacial, quando parte de nosso planeta esteve coberto por grandes camadas
de gelo, muitos animais, não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos,
por não se adaptarem às condições.
Foi, então, que uma grande
quantidade de porcos-espinho, numa tentativa de se proteger e sobreviver,
começaram a se unir, juntar-se mais e mais.
Assim, cada um podia sentir o
calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam uns aos
outros, aqueciam-se mutuamente, enfrentando por mais tempo aquele frio
rigoroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito…
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes. Doíam muito…
Mas essa não foi a melhor
solução! Afastados, separados, logo começaram a morrer de frio, congelados. Os
que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com jeito, com cuidado,
de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro,
mínima, mas o suficiente para conviver sem magoar, sem causar danos e dores uns
nos outros.
Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.
Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.
É fácil trocar palavras,
difícil é interpretar o silêncio!
É fácil caminhar lado a
lado, difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto,
difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos,
difícil é reter o calor!
É fácil conviver com pessoas,
difícil é formar uma equipe!
Precisamos
de alimentos para a nossa nutrição. Mas o tempero é indispensável para dar
sabor a um prato. Comer sem tempero torna tudo muito sem graça.
Na convivência social, familiar, profissional necessitamos de grandes
qualidades como a lealdade e a justiça, sem as quais a vida seria cruel,
insuportável. Mas só isso não basta. Uma dos piores tormentos é ser tratado
apenas com justiça (receber aquilo que estritamente nos é devido). Necessitamos
do tempero das inúmeras pequenas qualidades que compõe a trama da convivência.
A existência ou não delas faz a diferença entre uma vida seca, desconfortável e
uma vida alegre e amável. Não faltam tensões, stress, problemas na vida de cada
um. Isso tudo se acumula e muitas vezes transborda da forma errada em quem não
deve.
Que bem faz ser tratado com um pouco de
amabilidade! É como água em terra seca. Façamos isso com os demais, mereçam ou
não, agradeçam ou não. Distribuir o tempero dos pequenos atos de amabilidade na
convivência. Esses detalhes criam o que chamamos de um bom ambiente, o clima
adequado para viver ou trabalhar. É a diferença entre habitar sob o mesmo teto
e formar um lar aconchegante.
A arte da convivência é extremamente importante. Por vezes se observa
que o clima não está bom e não sabemos onde e como corrigir. Ficamos perdidos,
procurando um grande bode expiatório, quando a solução está numa série de
pequenas coisas que somadas fazem toda a diferença nas relações humanas. Não
são frescuras.
Elas são acessíveis, mas não são triviais e vivê-las exige um grande
domínio próprio e saber pisar no próprio eu. Exige que se passe do
capitulo direitos adquiridos para os deveres que não
cumpri.
A primeira dessas pequenas grandes qualidades é a cortesia:
- Ser polido; o trabalho de limar as arestas do temperamento. Uma pessoa
que não arranha, não tem pontas que fere. Isso não implica em ser aguados ou
afetados. Não se refere tanto ao conteúdo como a forma. Existem 100 modos de
dizer um não. Escolha um simpático.
- Cuidar da postura pessoal, saber receber as pessoas. Gestos, caras
alegres, tudo isso diz mais do que muitas palavras.
- Quando se está chateado ou cansado será hipocrisia andar com sorrisos
forçados? Penso que agir assim nesses momentos é um verdadeiro serviço, nobreza
de caráter, garbo humano.
- Há por trás da cortesia há realidades muito profundas: consideração
pelos demais e menos egoísmo.
- Como é agradável viver com quem presta um pequeno favor, dá uma mão no
trabalho, traz um bombom para a esposa, liga para um colega para lhe lembrar do
programa de tv que ele gosta, cede o sofá para o cunhado...
A virtude da gratidão. Contraria a tendência de esperar um obrigado por
cada coisa que fazemos pelos demais e desvalorizar o que fizeram por nós.
Servir sem esperar nada em troca e valorizar as pequenas considerações que tem
conosco. A começar pelos pais - dívida que nunca pagaremos - agradecer a Deus
(quantos cuidados que nunca percebemos e quanta cobrança quando as coisas não
saem como nossos planos previam). O valor da palavra obrigado, de uma atenção
de minutos com uma pessoa.
Trio sinceridade, simplicidade e discrição. Importância disso no
ambiente profissional! Hábito de falar mal dos outros quando não estão
presentes. As fofocas, o falar da intimidade alheia, o veneno que se põe num
comentário, numa crítica. Isso tudo entorpece qualquer ambiente. Talvez se diga
que a vida é uma selva e isso tudo faz parte dela, mas depende de nós saber
criar um remanso a nossa volta ou viver tensos e desconfortáveis com cobras e
lagartos à volta.
Bom humor: Como é fácil topar com um desmancha prazeres, um pessimista,
um azedo. E que bem nos faz alguém quando diante de situações que parecem
adquirir um peso maior do que realmente tem, diante de situações em que parece
que vai chispar a discussão, a ofensa e a tensão é grande, surge o comentário
feliz, desanuviador, que traz a bonança. Vale um império uma pessoa que é
sempre bem humorada. Tudo se torna mais fácil, mais amável. Otimismo, saber ver
o lado bom que há em cada pessoa e situação. Não é o palhaço, o
engraçado. É o que possui uma alegria serena.
Virtude da pontualidade. Os impontuais são também excelentes pessoas,
mas é bom ter presente o quanto aborrece para os outros os atrasos, as
mancadas, o fazer esperar. E aborrece tanto que não é incomum que a vítima na
sua ira, exagere os defeitos dos demais, crie problemas que não se criariam com
um pouco de atenção. E por vezes esses atrasos podem causar verdadeiros
transtornos.
A paciência. Um segredo para ter paciência com os demais: recordar
sempre as nossas mancadas. Saber compreender os lentos, os que tem
dificuldades, os que tem aquele defeito que nos incomoda. A paciência exige
colocarmo-nos no lugar dos outros. Uma pessoa paciente sabe evitar uma palavra
que fere, sabe ouvir e calar para não tumultuar o ambiente, sabe não ser chato
ou inoportuno. O paciente consegue muitas coisas. No final é sempre o
vitorioso.
Poderíamos falar de várias outras pequenas grandes qualidades da
convivência. Todas têm um pano de fundo. Tirar de cena o eu inchado. Eu tenho
razão, eu mereço, eu sou bom, eu faço, eu aconteço. E colocar no palco o
serviço (grande privilégio), ter os demais em muita consideração e compreender
o ouro fino do carinho humano, acolhedor, verdadeiro.
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