Descrever é representar, por meio de palavras, as
características de seres e objetos percebidos através dos sentidos. O objetivo
da descrição é transmitir ao leitor uma imagem daquilo que observamos. É como
compor um retrato por meio de palavras, fazendo com que o leitor perceba as características
marcantes do ser que estamos descrevendo e de modo a não confundi-lo com nenhum
outro.
Vamos comparar agora dois exemplos de representação
da realidade:
01.
02.
… era um animal felino, de pelo preto, expressivos olhos verdes, grandes
bigodes, um bichinho de estimação.
No
primeiro caso, o ser representado foi reconhecido de maneira imediata. No
segundo, foi-se identificando o ser aos poucos, não foi uma identificação
imediata.
Ao observarmos um objeto e a descrição do mesmo,
percebemos que a imagem transmitida pelo desenho é imediata e global, enquanto
que na descrição, somente após a leitura total do texto é que se tem a ideia
global do objeto.
Se tivermos em nossa frente duas cadeiras
diferentes, poderemos identificá-las através de um só substantivo: cadeira.
Essa palavra apenas identifica o objeto, mas não o descreve, pois a descrição
consiste na enumeração de caracteres próprios dos seres animados ou inanimados,
coisas, cenários, ambientes, costumes sociais, ruídos, odores, sabores ou impressões
táteis.
A descrição não se confunde com a definição. A
definição é uma forma verbal através da qual se exprime a essência de uma
coisa. As coisas, individualmente não admitem definição. Quando definimos,
estando tratando de classes, espécies. Quando descrevemos, detalhamos
indivíduos de uma mesma espécie. Portanto, a definição é generalizante e a
descrição, particularizante.
DEFINIÇÃO
DESCRIÇÃO
Cadeira –
peça de mobiliário que consiste num Cadeira
– de imbuia, com assento estofado
assento com costas, e, às vezes, com braços, quatro pernas, duas travessas nas
costas e
dobrável ou não, para uma pessoa.
Envernizada.
Navio – embarcação de grande porte. Navio – tinha o casco preto, era baixo,
um ar
de navio fantasma, muito vagaroso.
Mulher – pessoas do sexo feminino, após a Mulher – Não era bonita, loira, nariz arrebitado,
puberdade.
não muito alta, gorda
Todos os seres existentes no universo físico,
psicológico ou imaginário podem ser descritos.
mundo físico – Kika era uma simpática dash-hound,
de olhos castanhos e pelo brilhante.
mundo psicológico – A bondade era morna e leve,
cheirava a carne crua guardada há muito tempo. (Clarice Lispector)
mundo imaginário – Eu sou a Moça Fantasma que
espera na rua do Chumbo o carro da madrugada. Eu sou branca e longa e fria, a
minha carne é um suspiro na madrugada da serra.
Desse modo também é possível descrever pessoas e
personagens, física e psicologicamente:
– Física –
fornece características exteriores, ligadas aos traços físicos do personagem:
altura, cor dos olhos, cabelo, forma do rosto, do nariz, da boca, porte,
trajes. Exemplo: Sua pele era muito branca, os olhos azuis, bochechas rosadas.
Estatura mediana, magra. Parecia um anjo. (pessoa)
Nina era uma cachorra beagle, com as três cores
básicas da raça: preto, amarelo e branco. Orelhas compridas, pelo curto, rabo
com a ponta branca, patas brancas e grandes olhos castanhos. (animal)
Aquele era o carro dos seus sonhos: conversível,
prateado, rodas de magnésio, vidros ray-ban, rádio, direção esportiva, bancos
de couro. (ser inanimado)
– Psicológica – Apresenta o modo de ser do
personagem, seus hábitos, atitudes e personalidade, características
interiores. Exemplo: Era sonhadora.
Desejava sempre o impossível e recusava-se a ver a realidade. (pessoa)
Nina era meio invocada. Não gostava nada de
estranhos, latia feita louca para os pardais e não gostava nada que lhe
ficassem apertando. Era meio fleugmática, não negando sua raça inglesa.
(animal)
O carro era como seu dono: arrojado, destemido,
bonito, não tinha medo das curvas, muito menos das retas. (ser inanimado)
Descrevendo
à lápis Conforme o grau de profundidade,
os personagens podem ser agrupados em duas classes:
1 – personagens esféricas – são aqueles cujo
comportamento e atitudes vão evoluindo no decorrer da narrativa. São mais
comuns em romances.
2 – personagens planas – apresentam comportamento linear,
isto é, sem alterações do início ao fim da narrativa. Possuem uma única
qualidade ou um único defeito. São encontradas em contos e novelas. O tipo
origina-se a partir da personagem plana; possui uma ou mais características
marcantes que levam o leitor a identificá-la imediatamente. Um exagero em suas
características torna o tipo uma caricatura.
O autor de uma descrição é um indivíduo que observa
qualquer segmento da realidade e tenta reproduzi-lo através de suas palavras. O
ponto de vista pode ser filtrado de acordo com o autor e o enfoque pode ser
objetivo (denotativo) ou subjetivo (conotativo).
– enfoque objetivo
– Na descrição objetiva, o autor reproduz a realidade como a vê.
Detém-se na forma, no volume, na dimensão, no tamanho, na cor, no cheiro. Exemplo: Ele tem uma estrutura de madeira,
recoberta de espuma. Sobre a espuma há um tecido grosso. Têm assento para
quatro pessoas, encosto e dois braços. É o sofá da minha sala.
– enfoque subjetivo – A realidade descrita não é
apenas observada pelo autor, é também sentida. O objeto descrito apresenta-se
transfigurado de acordo com a sensibilidade de quem o descreve. O autor procura
transmitir a impressão, a emoção que a realidade lhe causa. São suas
características:
visão parcial, subjetiva e qualitativa da
realidade;
perspectiva artística, literária;
linguagem figurada (conotativa);
substantivos abstratos e adjetivos antepostos.
Exemplo: O sujeitão, que parecia um carro de boi
cruzando com trem de ferro, já entrou soltando fogo pela folga do dente de ouro.(José
Cândido de Carvalho)
Stela era espigada, dum moreno fechado, muito fina
de corpo. Tinha as pernas e os braços muito longos e uma voz ligeiramente
rouca. (Marques Rebelo)
Existe um tipo especial de descrição objetiva: a
descrição técnica, que recria um objeto utilizando uma linguagem científica,
precisa. Esse tipo de texto é utilizado para descrever aparelhos, peças que
compõem aparelhos, funcionamento de experiências, mecanismos. Destaca não só os
elementos essenciais do objeto de modo a não confundi-lo com outro, como também
suas funções mais importantes. Devem ser usadas palavras que não apresentem
dúvidas de interpretação e frases que transmitam de modo inequívoco, as
informações desejadas. Exemplo:
Descrição técnica de óculos: instrumento com lentes
que ampliam os objetos distantes ou perto do observador e que lhes permitem uma
visão nítida dos mesmos. (Douglas Tufano)
Há também a descrição técnica de processo, a
exposição narrativa, cujo objetivo é mostrar os passos de um procedimento ou o funcionamento
de um aparelho e apresenta as seguintes características principais:
exposição em ordem cronológica
objetividade
detalhamento das ações
indicação clara das diferentes fases do processo
ausência de suspense ou expectativa
predominância de orações coordenadas
impessoalidade na exposição
Esse
tipo de descrição, que envolve também pontos de narração, exige do seu autor um
conhecimento aprofundado do assunto e observação apurada. Às vezes é
acompanhada de desenhos, mapas, fotos, diagramas, para evitar faltas ou
excessos. Descrição de experiências e receitas encaixam-se nesse tipo de
produção de texto.
- Exemplo:
Torta
Corrupta
Ingredientes
3 xícaras de chá de caixa dois
1 copo americanos de desvio de verbas
3 colheres de sopa de por fora
1 colher de sobremesa de suborno
1 bom punhado de tráfico de influência
Modo de fazer
Misturar muito bem todos os ingredientes, sovando
bem, de modo a obter uma massa lisa e homogênea. Abrir a massa com o rolo da
irregularidade dividi-la em duas partes. Coloque uma delas num pirex bem untado
com ganância. Rechear com uma boa camada de safadeza, regada com muito cinismo.
Cobrir com a outra metade da massa e decorar com os dizeres da Lei de Gérson.
Servir com pizzas de todos os tamanhos.
2- Exemplo:
Como ir para a praia El Agua em Islã Margarita:
tome o carro e vá diretamente à Avenida Bolivar. Ao adentrar nela, siga as
placas com a indicação de “Isla Bonita”. Você vai passar pelo Hotel Hilton, que
deverá ser o seu ponto de referência para a volta. Ande alguns quilômetros e
vai chegar até a cidadezinha de Pampatar. Passe por ela ainda seguindo as
indicações de “Isla Bonita”. Ande mais alguns quilômetros e vai chegar à
capital da Ilha, na cidadezinha de Assuncion. Atravesse-a e continue pela
estrada por mais alguns quilômetros. Logo você vai encontrar uma placa
informando: Praia El Água. Não entre nesse primeiro contorno. Ande mais uns
dois quilômetros e vai encontrar um outro contorno, com a mesma indicação.
Entre aí. Esse é o melhor trecho da praia.
Cada autor, ao descrever, tem um objetivo próprio:
representar de maneira científica, com maior exatidão possível ou provocar a
emoção no leitor. Por exemplo: uma pessoa quer vender a sua casa. Diz que a
casa fica num lugar sossegado, rodeada por altas árvores, muita grama, o preço
é baixíssimo. Na cabeça do vendedor (emissor) está a sua casa real, que não é a
mesma que está na cabeça do comprador (receptor). O emissor até modifica o ser,
com a finalidade de valorizá-lo.
Há também que se levar em conta na descrição, o
tipo de receptor a quem se dirige: criança, adulto e por isso, a linguagem dos
textos difere bastante. Veja estes dois exemplos:
1- Cacareco tem uma cara de velho muito feia. Até
parece um monstro pré-histórico, tem dois chifres, feitos de pêlos colados bem
juntinhos, com os quais defende seu território. Suas orelhonas percebem todos
os sons, seu narigão sente todos os cheiros. Mas os olhos, pequenininhos,
enxergam muito mal. (Frans Hopp).
2 – Grande mamífero selvagem, da ordem dos
ungulados, com um chifre ou dois no focinho. (Aurélio B.Holanda).
Os objetos impressionam nossos sentidos com maior
intensidade, provocando sensações visuais, auditivas, táteis, olfativas e
gustativas, conforme a situação.
sensações visuais – Domingo festivo. Céu azul,
temperatura alta, calor tropical. Grande movimentação, agitação. Crachás.
TVs, jornais, revistas, fotógrafos, repórteres, comentaristas,
cinegrafistas, cabo-men, correspondentes
estrangeiros. Corre-corre,
passa-passa.
sensações
auditivas – Barulho infernal. Motores roncando. A torcida vibrando, pneus
cantando, câmbio engatando, carro voando, o tempo se esgotando. A torcida delirando, a equipe
comemorando. Podium. Hino.
sensações táteis – Ao passar a mão pelo cabelo,
sentiu uma coisa viscosa, mole. Tinha sido premiada!
sensações olfativas – Cheiros variados: perfumes importados, combustível,
cachorro-quente, hambúrguer, batata frita e pipoca.
sensações gustativas – O ron-ponche tem um sabor adocicado.
Percebe-se um gostinho de laranja, abacaxi e no fundo, um toque de rum.
Certas descrições obedecem a um plano
pré-determinado:
do geral para o particular – A casa ficava situada
perto de uma praia. Era cercada de muros altos, um grande jardim, piscina,
vários quartos, salas. Tudo para dar conforto à família.
de cima para baixo – O coqueiro possuía folhas em
forma de leque, cocos ainda verdes em cachos, tronco alto oco e raízes
profundas.
de baixo para cima – Seus pés eram pequenos,
proporcionais ao corpo. Braços delgados, rosto oval, cabelos grisalhos.
de dentro para fora – O armário possuía várias
prateleiras, nas quais havia copos e xícaras antigos. As portas eram
guarnecidas por vidros trabalhados e o seu corpo era da mais pura cerejeira.
de fora para dentro – Era uma caminhonete prata,
rodas largas, faróis de milha, traseira rebaixada, bancos reclináveis, som
estéreo, direção esportiva.
Estes planos não esgotam todas as possibilidades.
Na descrição de ambientes, o autor volta-se para as
características do lugar, aonde, os acontecimentos vão se desenrolar. Descrever
um lugar é detalhar as características e isso pode ser feito focalizando-se
vários aspectos:
quadro parado: “Caminhões e caminhões enfileirados
na madrugada, as luzes das ruas ainda acesas, um frio que não era mais de
inverno mas de fim de noite, um frio orvalhado misturava-se no ar.”(Lucília
Junqueira de Almeida Prado).
quadro em movimento: “Da mata vinham trinados de
pássaros nas madrugadas de sol. Voavam sobre as árvores as andorinhas de verão.
E os bandos de macacos corriam numa doida corrida de “galho em galho”.
ambiente externo: “Nos dias de enchente, quando a
maré crescia, nas luas novas, a água verde subia até a figueira gigante“.
ambiente
interno: “Uma sala repleta de móveis sobre o piso de linóleo, móveis pesados,
de feitio antigo: o enorme console, a mesa negra, a cristaleira, o relógio de
pêndulo, alto como um armário, as poltronas fundas”.
A
Descrição é um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa,
um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o
adjetivo, pela sua função caracterizadora. Significa “criar" com palavras
a imagem do que é descrito. É fazer uma descrição detalhada do objeto ou da
personagem que o texto se refere.
A descrição pode ser feita de várias formas diferentes, ou seja,
descrever um objeto não é igual a descrever uma pessoa ou uma paisagem, pois
eles têm pontos característicos diferentes um dos outros.
Para se descrever
uma pessoa temos:
- Que primeiro analisá-la fisicamente, observar o sexo, a idade, cor de
pele, cabelos, olhos bocas etc. Tudo nos mínimos detalhes.
- E depois analisá-la psicologicamente. (são as características emocionais
e mentais do ser: comportamento, qualidades, defeitos, personalidade, caráter,
virtudes e preferências.)
Para se descrever um objeto temos:
Para se descrever um objeto temos:
- Que analisar o ângulo em que ele está;
- Temos ter noção de espaço;
- Temos que ver qual a relação entre objeto e observador;
- Temos que
observar peso do objeto, textura, forma, cor etc.
Para se descrever uma paisagem temos:
- Que analisar se é uma paisagem rural ou urbana;
- Temos que analisar também os personagens;
- O clima;
- A vegetação;
- E suas habitações.
A descrição
objetiva é aquela apresenta o objeto de forma concreta, buscando maior
proximidade com a realidade, deixando de lado as impressões do observador.
Apresenta características como: forma, tamanho, peso, cor, espessura, volume,
etc.
A descrição
objetiva preocupa-se com a exatidão dos detalhes e com a precisão dos
vocábulos.
Exemplo:
“Mônica tem 1,65 de
altura e 50 kg. Branca, olhos claros, cabelos castanhos, compridos e lisos.”
Na descrição
subjetiva o objeto é transfigurado conforme a sensibilidade do
observador, ou seja, o objeto é descrito da forma como ele é visto e sentido. O
observador transmite para a descrição a sua emoção em relação ao objeto.
Não há preocupação
com a exatidão dos detalhes do objeto descrito, o importante é transmitir a
impressão que o objeto causa ao observador.
Exemplo:
“O sujeitão, que
parecia um carro de boi cruzando com trem de ferro, já entrou soltando fogo
pela folga do dente de ouro.”
ATIVIDADES
01. O
trecho abaixo foi extraído da obra Memórias Sentimentais de João Miramar, de
Oswald de Andrade.
BOTAFOGO
ETC.
“Berrávamos
em auto pelo espelho de aluguel arborizado das avenidas marinhas sem sol”.
Losangos tênues de ouro bandeira nacionalizavam os verdes montes interiores. No
outro lado azul da baía a Serra dos Órgãos serrava. Barcos. E o passado voltava
na brisa de baforadas gostosas. Rolah ia vinha derrapava em túneis.
Copacabana
era um veludo arrepiado na luminosa noite varada pelas frestas da cidade.”
Didaticamente,
costuma-se dizer que, em relação à sua organização, os textos podem ser
compostos de descrição, narração e dissertação; no entanto, é difícil encontrar
um trecho que seja só descritivo, apenas narrativo, somente dissertativo.
Levando-se em conta tal afirmação, selecione uma das alternativas abaixo para
classificar o texto de Oswald de Andrade:
a)
Narrativo-descritivo, com predominância do descritivo.
b)
Dissertativo-descritivo, com predominância do dissertativo.
c)
Descritivo-narrativo, com predominância do narrativo.
d) Descritivo-dissertativo,
com predominância do dissertativo.
e)
Narrativo-dissertativo, com predominância do narrativo.
02. O leão
A menina
conduz-me diante do leão, esquecido por um circo de passagem. Não está preso,
velho e doente, em gradil de ferro. Fui solto no gramado e a tela fina de arame
é escarmento ao rei dos animais. Não mais que um caco de leão: as pernas
reumáticas, a juba emaranhada e sem brilho. Os olhos globulosos fecham-se
cansados, sobre o focinho contei nove ou dez moscas, que ele não tinha ânimo de
espantar. Das grandes narinas escorriam gotas e
pensei, por um momento, que fossem lágrimas.
Observei em
volta: somos todos adultos, sem contar a menina. Apenas para nós o leão
conserva o seu antigo prestígio - as crianças estão em redor dos macaquinhos.
Um dos presentes explica que o leão tem as pernas entrevadas, a vida inteira na
minúscula jaula. Derreado, não pode sustentar-se em pé.
Chega-se um
piá e, desafiando com olhar selvagem o leão, atira-lhe um punhado de cascas de
amendoim. O rei sopra pelas narinas, ainda é um leão: faz estremecer as gramas
a seus pés.
Um de nós protesta
que deviam servir-lhe a carne em pedacinhos.
- Ele não
tem dente?
- Tem sim,
não vê? Não tem é força para morder.
Continua o
moleque a jogar amendoim na cara devastada do leão. Ele nos olha e um brilho de
compreensão nos faz baixar a cabeça: é conhecido o travo amargoso da derrota.
Está velho, artrítico, não se aguenta das pernas, mas é um leão. De repente,
sacudindo a juba, põe-se a mastigar capim. Ora, leão come verde! Lança lhe o
guri uma pedra: acertou no olho lacrimoso e doeu.
O leão
abriu a bocarra de dentes amarelos, não era um bocejo. Entre caretas de dor,
elevou-se aos poucos nas pernas tortas. Sem sair do lugar, ficou de pé.
Escancarou penosamente os beiços moles e negros, ouviu-se a rouca buzina do
fordeco antigo.
Por um
instante o rugido manteve suspensos os macaquinhos e fez bater mais depressa o
coração da menina. O leão soltou seis ou sete urros. Exausto, deixou-se cair de
lado e fechou os olhos para sempre.
I. Embora não seja um texto predominantemente
descritivo, ocorre descrição, visto que o autor representa a personagem
principal através de aspectos que a individualizam.
II. Por ressaltar unicamente as condições físicas
da personagem, predomina a descrição objetiva no texto, com linguagem
denotativa.
III. Por
ser um texto predominantemente narrativo, as demais formas - descrição e
dissertação - inexistem.
Inferimos
que, de acordo com o texto, pode(m) estar correta(s):
a) Todas
estão corretas.
b) Apenas a
I.
c) Apenas a
II.
d) Apenas a
III.
e) Nenhuma das
afirmações.
03. Leia o
fragmento do conto “A causa secreta”, de Machado de Assis:
“Garcia
estava atônito. Olhou para ele, viu-o sentar-se tranquilamente, estirar as
pernas, meter as mãos nas algibeiras das calças, e fitar os olhos no ferido. Os
olhos eram claros, cor de chumbo, moviam-se devagar, e tinham a expressão dura,
seca e fria. Cara magra e pálida; uma tira estreita de barba, por baixo do
queixo, e de uma têmpora a outra, curta, ruiva e rara. Teria quarenta anos. De
quando em quando, voltava-se para o estudante, e perguntava alguma coisa acerca
do ferido; mas tornava logo a olhar para ele, enquanto o rapaz lhe dava a
resposta. A sensação que o estudante recebia era de repulsa ao mesmo tempo em
que de curiosidade; não podia negar que estava assistindo a um ato de rara
dedicação, e se era desinteressado como parecia, não havia mais que aceitar o
coração humano como um poço de mistérios”.
A partir da
análise do trecho do conto, podemos dizer que o texto classifica-se como
a) Um texto
de relato, pois transmite os fatos acontecidos com foco no acontecimento;
b) Um texto
narrativo, seu material é o fato e a ação que envolve os personagens;
c) Um texto
dissertativo, cuja principal intenção é a exposição de opiniões com a intenção
de persuadir o leitor;
d) Um texto
narrativo-descritivo, pois é predominantemente narrativo com passagens
descritivas;
e) Um texto do tipo
carta argumentativa, muito comum em jornais e revistas. Apresenta argumentos
incisivos com intenção de influenciar ou rebater a opinião de outros leitores.
04. Sobre
um texto do tipo descritivo, é correto afirmar:
a) Sua
principal característica é narrar um fato fictício ou não, com tempo e espaço
bem definidos e personagens que executam as ações que movimentam o enredo.
b) Sua
principal característica é explicar um assunto e discorrer sobre ele. Tem como
intenção expor um argumento e defendê-lo.
c) Sua
principal característica é completar os elementos da narrativa com a
caracterização de personagem e de ambiente para transmitir ao leitor dados
significativos sobre as personagens.
d) Sua
principal característica é indicar como realizar uma ação, com linguagem
simples e objetiva e predomínio do modo imperativo.
e) Sua principal
característica é fazer uma defesa de ideias ou de um ponto de vista do autor do
texto. A linguagem é predominantemente persuasiva e denotativa.
Respostas
Questão 1: Alternativa
“a”.
Questão 2: Alternativa
“b”.
Questão 3: Alternativa
“d”. O fragmento do conto de Machado de Assis é predominantemente
narrativo-descritivo, pois apresenta passagens descritivas estáticas feitas
pelo narrador com intenção de caracterizar as personagens e o ambiente,
fornecendo ao leitor dados significativos sobre ambos.
Questão 4: Alternativa
“c”. Nos textos descritivos, a linguagem é utilizada para construir imagens que
representam seres, objetos ou cenas. Descrever é empregar os sentidos para
captar uma realidade circunscrita em um texto.
1- Vamos
começar a atividade descrevendo um colega, a professora, um amigo ou um
personagem de algum desenho. Não se esqueça das características físicas e
psicológicas da pessoa. Seu texto deve ter no mínimo 15 linhas.
2- Agora
você vai escolher um dos objetos abaixo para produzir seu texto:
3- Observe
a paisagem abaixo e faça seu texto. Não se esqueça do título. Bom trabalho!
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